Páginas

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Pai.

Quando eu era crianca você me trazia um kinder ovo todos os dias depois do trabalho, nós brincavamos de lutinha e apostavamos corrida na piscina. Você sempre me deixava ganhar. 

Um homem inteligente, talentoso, cheio de humor negro e que me passou o gosto pelo conhecimento. 
Eu te tinha como o meu maior exemplo.

O tempo passou e aquela garotinha que vivia atrás de você, cresceu. Cresceu e percebeu certas coisas que a decepcionaram muito, que a magoaram muito e que a fizeram se afastar de você. 

Não conseguia mais me aproximar, nem te admirar... Talvez esse tenha sido o meu maior erro.
Eu tinha que ter percebido que as pessoas tem o direito de errar, terem seus defeitos, já que eu também tenho os meus. Mas acho que a minha dificuldade maior de aceitar isso em você, foi o fato de você ser o meu pai. Pais tem o dever de proteger, de cuidar e dar apoio. Coisas que muitas vezes você não fez e não há nada que tenha me machucado mais. 

Errei muito também.

Com a minha falta de afeto e paciência. Meu orgulho falou mais alto e me sinto culpada por isso. 
Me sinto mal por todas as vezes que você tentou se aproximar e eu me esquivei. Por todas as vezes que você veio me contar alguma coisa e eu não respondi, ou te respondi mal. 

Hoje eu só consigo pensar que você está lá, naquele hospital... Sem saber se você vai sair de lá bem, ou não. Isso me consome. Queria mais uma chance. 

Quem sabe a gente não possa recomecar do zero.

:(

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...