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terça-feira, 24 de abril de 2012

Os esquecidos.



 Olhares tristes e perdidos.
 Esperança quase nula.
Desespero. 
Medo.
  Sensação de ser invisível em relação ao resto do mundo.
   Constatação de que são poucos os que ainda se importam.

.

Não há nada que me adoeça e choque mais do que andar pelas ruas e ver a quantidade de pessoas que vivem em situações insalubres e sem uma moradia digna. Não a nada que me me amargure mais.
Por muito tempo eu coloquei a culpa nos políticos brasileiros, afinal, são eles que administram o nosso dinheiro... Mas conforme eu fui amadurecendo, vi que a sociedade também tem a sua parcela de culpa. Então ficaria mais ou menos dessa forma: Os políticos por roubarem o dinheiro público, que ao invés de ser investido em benefício da população, migra para paraísos fiscais e da sociedade por fechar os olhos para uma situação tão deplorável.
Já debati muitas vezes esse assunto com amigos e desconhecidos, que me ouviram e quiseram meter o bedelho onde não foram chamados e realmente me surpreende a capacidade que o ser humano tem de ser tão individualista. Geralmente o comentário mais comum é:

- "Ah, mas olha lá... O cara tem os dois braços, as duas pernas, está saudável... Não trabalha por que não quer!"

Já respondi a uma dessas, com a seguinte resposta: "Não sabia que você e ele se conheciam. Você para sempre aqui para conversar com ele? Nossa, bacana."

É tão fácil falar quando não é com a gente, né? Já perceberam? É fácil apontar o dedo e dizer: SEU BÊBADO, SEU NOIA, SEU VAGABUNDO, quando não se sabe a real situação daquela pessoa. É assim que a maioria das pessoas vêem os moradores de rua. Tem exceções? Obvio. Mas a maioria só precisa ser vista e ouvida... Uma oportunidade pode mudar a vida de uma família inteira.

Foto: Guilherme Lázaro (Entre as Ruas Oscar Freire e Hadock Lobo)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Um anjo em meio ao caos

Hoje assisti a uma reportagem sobre um médico chamado Dr Marcelo, que largou o hospital onde trabalhava em São Paulo e "mudou-se" para a Cracolândia, a fim de tentar ajudar os dependentes químicos de lá.

Marcelo era um garoto de origem humilde, dedicado, se formou pela USP e era admirado por todos os colegas de trabalho, amigos e familiares. Ele sabia que a sua missão ia muito além das dependências do hospital onde trabalhava e, por isso, comecou o trabalho voluntário na Cracolândia.

Ali presenciou as piores cenas, ouviu as piores e mais tristes histórias, ajudou todos os tipos de pessoas e fez muitas denúncias (principalmente contra a Polícia. Não só a Militar, mas a Cívil e a Guarda Metropolitana, também). 

Seu trabalho durou sete meses. Em abril de 2011 morreu vítima de efisêma pulmonar aos 27 anos.

..

Quando a reportagem acabou eu estava tão surpresa, que mal conseguia comentar sobre aquilo. 
Todos os dias leio sobre o descaso nos hospitais, ou sobre médicos que estão interessados em lucrar, ao invés de salvar a vidas e eis que me surge uma excessão!!! Em alguns momentos, os sonhos daquele cara, se confundiam com os meus, eu me vi em muitos momentos da vida dele.
Fiquei pensando em muitas coisas que eu quero por em prática e ele me serviu como mais uma inspiracão. Alguém que assim como eu, via aquelas pessoas como seres humanos, não como montes de lixos, como muitos vêem. Alguém que dedicou a vida a mudar a vida de outras pessoas. Alguém que entendia a importância de se doar. Alguém que sabia exatamente o sentido da frase: O importante é SER e não TER.

O fato dele ter ido embora cedo me chocou muito, mas como acredito muito em missões, sei que a dele já  havia sido cumprida. E que a sua passagem por aqui, deixou uma grande licão para todos aqueles que ele convivia e para mim, que não o conheci, mas que passei a admirá-lo e tê-lo como exemplo.



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Pai.

Quando eu era crianca você me trazia um kinder ovo todos os dias depois do trabalho, nós brincavamos de lutinha e apostavamos corrida na piscina. Você sempre me deixava ganhar. 

Um homem inteligente, talentoso, cheio de humor negro e que me passou o gosto pelo conhecimento. 
Eu te tinha como o meu maior exemplo.

O tempo passou e aquela garotinha que vivia atrás de você, cresceu. Cresceu e percebeu certas coisas que a decepcionaram muito, que a magoaram muito e que a fizeram se afastar de você. 

Não conseguia mais me aproximar, nem te admirar... Talvez esse tenha sido o meu maior erro.
Eu tinha que ter percebido que as pessoas tem o direito de errar, terem seus defeitos, já que eu também tenho os meus. Mas acho que a minha dificuldade maior de aceitar isso em você, foi o fato de você ser o meu pai. Pais tem o dever de proteger, de cuidar e dar apoio. Coisas que muitas vezes você não fez e não há nada que tenha me machucado mais. 

Errei muito também.

Com a minha falta de afeto e paciência. Meu orgulho falou mais alto e me sinto culpada por isso. 
Me sinto mal por todas as vezes que você tentou se aproximar e eu me esquivei. Por todas as vezes que você veio me contar alguma coisa e eu não respondi, ou te respondi mal. 

Hoje eu só consigo pensar que você está lá, naquele hospital... Sem saber se você vai sair de lá bem, ou não. Isso me consome. Queria mais uma chance. 

Quem sabe a gente não possa recomecar do zero.

:(

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Feche os olhos e dance.



Dance!
Sinta a música, flutue...

.

Ela entrou na pista, tirou os sapatos e dançou... Dançou como se aquele fosse o último dia de sua vida. 
Para ela não existiam mais problemas ou incertezas... Naquele momento eram só ela e aquele som 
que a levava para outra dimensão. A noite passou, mas o sorriso de satisfação continuava em seu rosto.

Ela sabia que muito mais estava por vir.  


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