Nova Jersey, anos 60.
A garota magricela de 20 anos de idade, faz um balanço de sua vida até ali e, vendo que nada lhe prendia a aquele lugar, resolve arrumar suas coisas, sair de casa e ir para Nova Iorque.Quase sem nenhum dinheiro e sem um lugar certo para ficar, a única coisa que a motivava a continuar era a sua sede insaciável por liberdade e o desejo de conseguir viver da arte.
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Nova Iorque, anos 60.
Um garoto de 20 anos de idade, cujo sonho de sua mãe era que ele se tornasse padre, tentava a mesma coisa.
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Os personagens acima são: A poetisa do punk Patti Smith e o fotógrafo Robert Mapplethorpe. A história de amor, amizade, companheirismo e cumplicidade dos dois é relatada no livro "Só Garotos" de Patti Smith, que prometeu a Robert (morto em 1989, vítima da aids) que um dia faria um livro onde contaria a história dos dois.
Quando minha irmã me emprestou este livro, não achei que ele iria mexer tanto comigo. Em alguns trechos, sinto como se estivesse lendo sobre a minha própria vida. Um dos motivos pela história dos dois ter mexido tanto comigo foi a cumplicidade entre eles. Apesar dos atritos, eles sabiam que podiam contar a qualquer momento um com o outro (foi assim até o fim da vida de Robert), pois os dois eram exatamente iguais. Encontrar alguém que almeje as mesmas coisas que nós, que sinta os mesmos medos e angústias, que corre atrás de algo que o resto das pessoas nem sonham em correr é muito raro.
Eles souberam aproveitar cada oportunidade que tiveram, sempre buscando viver daquilo que parecia ser impossível: a arte.
Fico imaginando como foi para a Patti quando ele morreu... Foram mais de 20 anos juntos, lado a lado. Ela descreve algo no livro, mas tenho certeza que ela não conseguiu traduzir em palavras o tamanho do vazio deixado por ele. E nem conseguiria, por que certas coisas são indescritíveis.
"E assim minha última imagem foi a primeira. Um jovem adormecido sob um manto de luz que abriu os olhos com um sorriso de reconhecimento para alguém que nunca fora uma estranha para ele."
Deixo aqui a dica do único livro que me fez chorar. O mais bonito e sensível.