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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Moinho Vivo!


Resolvi fazer outro blog e dessa vez, não vou jogá-lo fora. Escrever sempre foi a minha válvula de escape e, para mim, não existe terapia melhor.

A minha primeira postagem é sobre a experiência que eu tive na Favela do Moinho, no último domingo (21), no Festival de Hip Hop Moinho Vivo:

Há um mês e alguns dias atrás, houve um incêndio na Favela do Moinho e quase metade dos barracos foi consumido pelo fogo, deixando centenas de pessoas desabrigadas. Como era de se esperar, nossos queridos governantes não tomaram uma atitude concreta, deixando os moradores do local jogados a própria sorte...

Cheguei no final da tarde ao Moinho e logo dei de cara com famílias inteiras amontoadas, sentadas em pedaços velhos de colchões e sofás... Aquilo mexeu de uma forma inexplicável comigo.

Um misto de angústia, tristeza e ódio dos nossos governantes, tomou conta de mim. Como aquilo podia ser possível? Não se tratavam de montes de lixo ou de entulho... Eram PESSOAS, famílias inteiras! Fui andando em direção ao palco e fui passando pelos barracos que não haviam sido consumidos pelo fogo e fiquei surpresa ao ver que todos estavam grafitados, foi uma surpresa boa. Lógico, isso não mudava a situação de extrema pobreza daquelas pessoas, mas era uma forma singela de mostrar que a arte foi feita para todos, independente da classe social.

Quando cheguei no meio da favela (onde o palco estava), comecei a conversar com uma senhorinha chamada Rosa, dona Rosa e concluí que quanto menos uma pessoa tem, mais solidária ela é. Essa senhorinha nos oferecia a toda hora frutas, água e abrigo por conta da chuva. Achei aquilo incrível.

Ela me contou sobre sua vida, a vida dos filhos, sobre as dificuldades que eles enfrentavam... Quanto sofrimento, meu Deus... Quanto sofrimento! Apesar de tudo, ela era bem humorada e tinha esperanças de que um dia as coisas iam melhorar (tanto para ela e sua família, quanto para os outros moradores).

Depois de algumas horas, a chuva passou e resolvemos ir embora, mas com a sensação de dever cumprido.

Voltando para casa eu não conseguia parar de pensar nas cenas que vi, nas pessoas que conheci e nas histórias que elas me contaram. Agora tenho até vergonha dos meus problemas, que se comparados aos desses moradores, não são absolutamente nada. Quero fazer mais coisas por eles. Quero fazer mais coisas por outras (várias) pessoas em situações parecidas ou até piores e já coloquei esse meu "plano" em prática.

E sabem o que é o melhor nisso tudo? É que para mudar a vida de alguém nessas condições, eu não preciso ter rios de dinheiro. Às vezes um pouco de atenção e dedicação já são o suficiente.

Ainda existem pessoas solidárias, que sabem que não estão aqui para fazerem mais peso no mundo e é nesse tipo de gente que eu me espelho para continuar com o que eu acredito, todos os dias.

P.S. O Festival foi feito para arrecadar doações e trazer um pouco de alento as vítimas do incêndio.



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